3 de novembro de 2009

Eu escolhi persistir



A época mais fria do ano chegara sobre o vilarejo recostado às montanhas do grande vale. Um menino atrevia-se na temperatura que cortava a pele, e descia uma ladeira com passos firmes. Nenhuma outra alma viva se encontrava por aquelas ruas.

Estava trêmulo de frio, mas apertava-se em si mesmo, e seguia em frente.

Algumas pessoas o viam passando da janela de suas casas, e instantaneamente ficavam espantadas. Logo, uma multidão perplexa diante da cena estava às janelas das casas, e discutiam entre si sobre o que tão pequeno menino estaria fazendo sozinho lá fora naquele frio.

Um vizinho o reconheceu e foi à porta de sua casa chamá-lo. – Tá maluco, rapazinho? Volta pra tua casa! Você vai congelar aqui na rua!

- O meu avô está passando mal. Eu preciso chegar à farmácia. – respondeu o menino, reunindo forças para enfrentar o sopro gelado das montanhas que lhe vinha de encontro.

O homem deu de ombros para sua causa. – O seu avô já está nas últimas, menino. Não perca tempo, não se arrisque. Acha que vai adiantar o que você está fazendo? Acha que ele vai se recuperar dessa vez? Vá pra casa! Esse frio vai te deixar doente! Salve a sua vida!

Mas o menino não lhe deu ouvidos, virou as costas e seguiu andando.

À frente, outro vizinho o reconheceu, chamando-o de pronto, muito espantado. – Menino, endoidou? Olha o frio que está fazendo! Vá pra sua casa!

- O meu avô está doente, senhor. Está passando mal. Eu preciso chegar à farmácia.

O homem também tratou aquilo com indiferença. – Menino, o que você tem na cabeça? Seu avô já está doente não é de hoje. Acha que ele vai viver muito, ou você que está querendo morrer? Vá zelar pela sua vida! Volta pra sua casa!

Mas o menino não aceitou, virou as costas e continuou seguindo em frente.

Finalmente chegou à farmácia, e por insistência das batidas à porta, protestando muito, o dono do estabelecimento veio recebê-lo; e, como todas as outras pessoas, ficou espantado ao se deparar com aquele menino em pé diante da porta, trêmulo, lutando contra o frio.

- Eu preciso desse remédio, senhor. O meu avô está doente.

O homem sentiu o seu coração apertar. Segurando a receita médica nas mãos, olhou para o menino de relance. O pequeno o olhava com determinação. Não voltaria para casa sem aquele remédio para o avô. Como o farmacêutico ia lhe dar aquela notícia? Não tinha jeito, ele teria de dizer.

- Eu não tenho essa medicação – começou o homem, sentindo um nó na garganta. - Aliás, estou com pouquíssimos remédios em estoque. Devido a este mal tempo, o caminhão de entregas não conseguiu chegar até aqui.

O menino suspirou e olhou para baixo, avistando seus pés que doíam profundamente de cansaço e desesperados por um pouco de calor.

- Tem uma farmácia no outro vilarejo, há duas quadras. Mas, menino, olha como está frio! Olhe você, tremendo de frio! Venha, entre! Eu farei um chá bem quente, e trarei um agasalho pra você. Menino, não compensa ir até tão longe!

O menino ergueu os olhos e o encarou com tranquilidade e firmeza.

- Eu já andei até aqui. Duas quadras é pouco – falou, sem pestanejar. E seguiu em frente.

Alguns minutos mais tarde o pequeno tinha nas mãos a medicação de que precisava. E todo o vilarejo o acompanhou das janelas das casas na volta para sua casa. Foi uma cena comovente. Sozinho, trêmulo, apertando-se em si mesmo para se esquentar, ele seguiu, firme.

- Mãe, eu cheguei, e trouxe o remédio para o meu avô. Como ele está?

Dois meses depois, e a mãe levava à mesa um bolo todo decorado, para a comemoração do aniversário de seu filho. Ele surgira à porta da sala, trazendo enfeites para finalizar a decoração.

- Como você vai colocar esses enfeites no alto? Precisará de uma escada. – falou o pai, procurando ajudá-lo.

O menino o olhou e sorriu com gratidão. – Não será necessário. – E, olhando para o lado, avistou algo que fez seu coração transbordar de felicidade. - O vovô é bem alto e consegue alcançar.

Então o senhor sorridente e cheio de saúde aproximou-se do neto, fez-lhe um cafuné, e tomou os enfeites para colocá-los onde o menino estava indicando.

As pessoas começaram a chegar. Todo o vilarejo viera saudá-lo, e participar com ele deste momento tão feliz. Ainda estavam admiradas com a bravura daquele menino em ter enfrentado tão baixa temperatura para socorrer o avô por quem tinha um amor tão grande.

Muitos não continham a emoção por vê-los vivos e saudáveis, e os que haviam desencorajado o menino a seguir em frente sentiam-se envergonhados, e mal podiam encará-los.

De repente a multidão não se conteve, e as pessoas começaram a questioná-lo, maravilhadas sobre como ele havia conseguido realizar aquele feito, de não ter se rendido ao frio intenso, à canseira, às propostas de desistência.

O menino olhou para cada pessoa em silêncio por alguns segundos, e foi simples como ele mesmo:

- Eu escolhi persistir.



Até a última quadra completada, não há quem determine que acabou, que não tem jeito. Até a última chance, alternativa, opção, maneira, não há quem possa dar a situação como vencida.

Siga em frente na estrada, e se necessário, ande mais duas quadras; mesmo que o frio, a canseira, tente lhe fazer desistir. Siga em frente! Isto só vai ruir se você desistir. Mas você não tem que desistir. Você pode continuar. Você pode!

Você não tem quer dar ouvidos a quem te diz pra desistir. Você não tem que ceder! Não é regra. Não tem que ser assim!

Não é regra se tornar, ter o mesmo, que os da sua casa, que os seus colegas de infância, de escola... Você faz a regra!

Você pode ir contra o vento cortante do peso da hereditariedade. Você pode fazer diferente!

Siga em frente! Vá seguindo! Escolha conseguir. Escolha persistir!

Diante das ofertas de desistência, de um sofá confortável que lhe convida a desistir da igreja, de um programa animado que lhe convida a desistir de orar, de buscar a Deus, de estar em Sua presença e fazer o que Lhe agrada, escolha persistir. Escolha dizer ‘não’ para isto que se faz parecer sua única opção, pois não é. Você pode ter um lindo testemunho amanhã para ajudar a outros, e ser imensamente feliz e realizado na vida, se escolher persistir hoje.

Em nome de Jesus, que amanhã, numa outra realidade, você possa dizer sobre a situação que está enfrentando hoje: - Eu escolhi persistir!

Em nome de Jesus, diga hoje: - Eu escolho persistir!

- Jacqueline Collodo Gomes

Um comentário:

cintia disse...

Minha amiga quero informar que estou de voltae dar lhe os parabens pelo novo visual, está lindo.
Obrigado por sua amizadee carinho.

Beijinhos