18 de novembro de 2010

“Quer ser feliz por um dia? Vingue-se. Quer ser feliz por toda a vida? Perdoe”.



Em 1974, voltando da escola para casa no último dia antes das férias de Natal, eu
pensava animadamente sobre o feriado vindouro. A uma certa distância de casa, um homem se aproximou e perguntou se eu poderia ajudá-lo com a decoração de uma festa para meu pai. Achando que era amigo de meu pai,concordei em ir com ele.
O que eu não sabia era que este homem tinha ressentimentos contra a minha
família.
Após eu ter concordado em acompanhá-lo, ele dirigiu seu trailer até uma área
isolada ao norte de Miami, onde parou no acostamento da estrada e me golpeou várias
vezes no peito com um furador de gelo. Então dirigiu para oeste, até Florida Everglades, levou-me até o meio dos arbustos, deu um tiro em minha cabeça e me deixou lá para morrer.
Felizmente a bala havia passado por trás de meus olhos e saído pela minha têmpora
esquerda sem causar nenhum dano cerebral. Quando recobrei a consciência, não tinha noção de que havia sido atingido por um tiro. Fiquei sentado no acostamento e fui encontrado por um homem que parou para me ajudar.
Duas semanas depois descrevi a pessoa que me atacara para o desenhista da polícia
e meu tio reconheceu o retrato resultante.
Meu agressor foi preso, junto com outros suspeitos. Entretanto, devido o trauma e o
estresse não pude identificá-lo e a polícia não conseguiu recolher nenhuma prova física que o ligasse ao crime. Portanto, ele nunca foi acusado.
O ataque me deixou cego do olho esquerdo, mas não causou nenhum outro dano e,
com o amor e o apoio de minha família e amigos, voltei para a escola e dei continuidade à minha vida.
Uma noite, durante um estudo da Bíblia com o grupo jovem da igreja, percebi que a providência e o amor de Deus, tendo miraculosamente me mantido vivo, eram a base para a segurança de minha vida. Em Suas mãos eu podia viver sem medo ou rancor.

Em setembro de 1996, o major Charles Scherer, do Departamento de Polícia de Coral Gables, telefonou-me para me contar que o agressor, hoje com setenta e sete anos de idade, finalmente confessara. Cego por causa do glaucoma, com a saúde abalada, sem família ou amigos, ele estava em um asilo no norte de Miami Beach.
A primeira vez em que fui visitá-lo ele se desculpou pelo que havia feito a mim e eu lhe disse que o havia perdoado. Visitei-o muitas vezes depois disso,
apresentando-o à minha esposa e filhas, oferecendo-lhe esperança e uma certa sensação de família nos dias anteriores à sua morte.
Ele sempre ficava feliz quando eu aparecia. Acredito que nossa amizade tenha diminuído sua solidão e era um grande alívio para ele, após vinte e dois anos de arrependimento.
Sei que o mundo pode me ver como a vítima de uma horrível tragédia, mas eu me
considero a "vítima" de muitos milagres. O fato de eu estar vivo e não ter nenhuma
deficiência mental desafia as probabilidades.
Tenho uma esposa amorosa e uma família linda. Recebi tantas dádivas quanto
qualquer outra pessoa - e amplas oportunidades. Fui abençoado de várias maneiras.
E enquanto muitas pessoas não conseguem entender como pude perdoá-lo, do meu
ponto de vista eu não poderia deixar de fazê-lo. Se eu tivesse escolhido odiá-lo todos esses anos, ou passar a vida procurando vingança, então eu não seria o homem que sou hoje - o homem que minha mulher e filhas amam.
(Chris Carrier, entregue por Katy McNamara)

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